terça-feira, 28 de outubro de 2008

O Ananás da ilha de São Miguel - Açores - Portugal

A SUA HISTÓRIA
O ananás (Ananassa Sativus,Lindl) cultivado em estufas de vidro na ilha de São Miguel é originário da América Central e do Sul e foi introduzido nesta ilha, como planta ornamental, em meados do século XIX.A sua cultura visou primeiramente o abastecimento das casas abastadas, tendo as primeiras explorações de caracter comercial surgido em 1864. Com o correr dos anos este excepcional fruto transformou-se num verdadeiro ex-libris da região.Os concelhos de Ponta Delgada, Lagoa, Vila Franca a Ribeira Grande são em ordem decrescente os seus principais centros produtores, sendo a Fajã de Baixo a freguesia com maior número de estufas.


AS ESTUFAS
São de formato rectangular, cobertas de vidro caiado formando duas águas com a inclinação aproximada de 33 ° e aquecidas apenas pelo sol. Na parte superior da cobertura as janelas, ou "alboios", servem para regular a temperatura e a ventilação do interior da estufa. O interior da estufa divide-se em "tabuleiros", ou "canteiros", separados ao meio por um carreiro de pedra, estes por sua vez dividem-se em vãos (o espaço que vai de ferro a ferro de suporte da cobertura).

A CULTURA DO ANANÁS
1 ° período da cultura:
Nos "estufins", estufas mais pequenas, plantam-se as tocas a uma distancia de l0 cm entre cada uma e cobrem-se de terra. Regasse então diariamente nos primeiros quinze dias e depois em dias alternados. Nesta fase é importante não deixar a temperatura abaixo dos 26 ° C fazendo-a subir até aos 38 ° C. Ao fim de um mês os "brolhos" despontam desenvolvendo-se no estufim até seis meses sendo depois transplantados para as estufas.Tanto no estufim como na estufa é preparada uma "cama" para o enchimento dos tabuleiros. As camas fazem-se com a sobreposição de varias camadas de terra velha (já usada noutras estufas, rica em matéria orgânica), mondas (folhas de ananases, fetos, ervas, caruma de pinheiro), rama de incenseiro e farelo.

2 ° período da cultura:
Nas estufas o plantio dispõe-se de maneira a que cada planta fique a uma distancia de 50 a 60cm umas das outras. Após a plantação rega-se diariamente durante duas semanas, durante o crescimento do fruto as regas diminuem até se extinguirem na fase de maturação. 3 a 4 meses depois de plantada a estufa tem lugar a operação do "fumo". Esta operação, descoberta ocasionalmente, funciona como uma intoxicação o que obriga todas as plantas a florescerem ao mesmo tempo. Ao fim do dia (quatro a oito dias no verso, oito a quinze no inverno) queimam-se em recipientes próprios colocados no interior da estufa, aparas e verduras de modo a produzir um espesso fumo, no dia seguinte abrem-se as portas e os alboios para arejar.O período completo da cultura, que vai desde a plantação das tocas até ao corte do fruto tem a duração de 18 meses.

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