No Convento da Esperança foi edificado, na primeira metade do século XVI, por iniciativa de Filipa Coutinho, viúva do Capitão Donatário Rui Gonçalves da Câmara.Os terrenos necessários para a Igreja e para a cerca haviam sido doados por Fernando Quental e sua mulher, Margarida de Matos.
A linha nascente do Campo de S. Francisco, já na segunda metade do século XVI, teve a orientação actual, porque Cristóvão de Matos Quental, descendente do dito Fernando de Quental, mandara construir, por volta de 1609, nas suas casas, daquele lado, a ermida de Nossa Senhora da Ressurreição, também conhecida por Senhora da Soledade.
No lado poente, no início do século XVI, já havia uma ermida de Nossa Senhora da Conceição, pertencente à Câmara Municipal. No local dessa ermida, foi erguido o primeiro convento de franciscanos, como se lê na "Crónica da Província de S. João Evangelista", de Frei Agostinho de Mont'Alverne. As obras para o actual convento e igreja dos franciscanos começaram em 1709. A parte do convento estendia-se para o lado sul, com um adro mais alto do que a rua.
Com a extinção das ordens religiosas, foi instalado nesta parte sul, o hospital da Santa Casa da Misericórdia, em 1834.
O Campo de São Francisco foi, em tempos antigos, teatro de grandes festas. No final do século XVIII, quando ali já existiam as casas da Família Marques Moreira, então pertencentes ao Dr. António Francisco de Carvalho, realizaram-se grandes festejos para comemorar o nascimento de uma princesa, filha de D. João VI.
Houve, então, um "brinco militar" - paródia guerreira - e um "brinco de touros" e uma "encamisada" - cavalgada de 200 homens, vindos de S. Roque.
A parte sul do campo era limitada, em parte, pelo Castelo de S. Brás e, em parte, por casas cujas traseiras davam para o Corpo Santo.
O aspecto do Campo de S. Francisco mais próximo do actual foi dado, por volta de 1825, pelo Governador Militar Brederode que o mandou arborizar, e colocar banquetas em redor. Até então, era o Campo do Dízimo, passando, a partir dessas obras, a ser local de recreio e de exercícios e paradas militares.
A sul do mesmo campo, havia uma fonte monumental. As armas da cidade, esculpidas em mármore e que havia na parte central dessa fonte, vieram de Lisboa e foram colocadas em fins de 1849.
Em 9 de Setembro de 1868, o Campo foi aterrado e nivelado de novo, sendo então cortado o adro do Convento dos Franciscanos, para aí ser rasgada uma rua que ligaria directamente com a praça.
Ainda em 1870, houve, no Campo de S. Francisco, uma exposição de gado. Neste mesmo ano, e na esplanada rente ao Castelo, José Lopes do Rosário (popularmente conhecido por "Rei dos Tambores"), deu ali espectáculos de circo, com macacos e ursos.
No sábado, 2 de Julho de 1870, houve, no Campo, exercícios de fogo de peça e de espingarda, pelos marinheiros da corveta "Duque de Palmela".
Em Março de 1871, houve uma subscrição pública para alindar o Campo, iluminá-lo a petróleo e dotá-lo com um quiosque, ao centro. As obras de alinhamento começaram no mês seguinte, tendo a Câmara plantado novas árvores.
O coreto - uma construção leve, rendilhada, de madeira, imitando um pagode chinês - foi inaugurado no dia 12 de Maio de 1871. Segundo Bretão Ribeira (pseudónimo de Joaquim Maria Cabral, in "Açores", 1951), o coreto seria da autoria de Pedro Paulo que também foi autor do edifício da Agência do Banco de Portugal, em Ponta Delgada, de que foi director. Outros afirmam que o quiosque foi projecto dos irmãos José e Ernesto do Canto.
Este belo coreto foi pasto de um incêndio, ao meio-dia de 24 de Maio de 1957. Estava já todo ornamentado e com a respectiva instalação eléctrica, pronto para as festas, quando uma roqueira, lançada perto, caiu na cúpula. O fogo propagou-se rapidamente às centenas de flores de papel de cera que revestiam completamente o coreto. Os bombeiros conseguiram salvar apenas a estrutura que, coberta apressadamente de verduras, serviu nas festas daquele ano.
O antigo coreto foi substituído, anos depois, pelo actual, uma pesada estrutura de cimento, muito longe da graciosidade, leveza e harmonia daquele que ardeu.
O primeiro carrossel que apareceu no Campo de S. Francisco, pelas Festas do Senhor, foi em 1884, e pertencia a Manuel Coelho Lourenço, da Ilha Terceira, donde o trouxera. Vendera-o a Cândido José Xavier Jr., que o vendeu, por sua vez, a João Diogo, por 60$000 réis insulanos, ficando conhecido, por isso, pelo nome de "cavalinhos de mestre João Diogo".
A 7 de Abril de 1886, começou a demolição de parte da cerca do Convento da Esperança, para a abertura da Avenida do Coliseu, hoje denominada de Roberto Ivens. Por esse motivo, em Junho desse ano, procedeu-se à exumação de 80 cadaveres de freiras, que foram depositados no Cemitério de S. Joaquim, construído em 1846.
A 26 de Outubro de 1886, ficaram concluídas as três escadas, mandadas construir pela Câmara Municipal, em frente dos pórticos da Igreja de S. José.
O lajeamento em frente do hospital e da igreja começou a 10 de Novembro de 1886.
Na segunda-feira, 15 de Novembro de 1886, começaram as obras do actual pórtico do hospital.
1 comentário:
Gostei muito de saber os pormenores referidos, muitos desconhecidos!
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